sexta-feira, 25 de março de 2011

E só porque a saudade nos arrasta no tempo...

Quase me esqueci deste tempo... mas na garganta fica presa a saudade que se solta em forma de lágrima. Um dia foi assim...

segunda-feira, 14 de março de 2011

Comunicação de Sua Excelência... (nem vou dizer o nome)

Grande parangona desta tarde: O Primeiro Ministro vai efectuar uma comunicação ao país!

Prepararam-se as gentes, penduraram-se jantares, adiaram-se banhos e TPC's, conversas de final de tarde - "Atenção! O Sócrates vai falar", disse, "...mas mãe..., vai falar com quem?", pergunta-me, "connosco, acho...".

O coração tão perto da boca, gritou a incerteza.

Eu também nem sabia ou entendia bem com quem iria falar, de que iria falar, o que engendraria, que redondo jogo de vocábulos, em jeito de mentira dissimulada, seria apresentado. Nem sabia que mais iria Portugal ouvir. Mas ali estive, à hora marcada. Olhos abertos, atenção redobrada num silêncio quase cortante...

...

E pronto. Ouvi mais do mesmo.

Não quero explicar o que está mal, nem tão pouco dizer o que todos já disseram, discutiram, reforçaram, exigiram... não quero apresentar argumentos, defender posições, quero, apenas e só, contar do meu desalento, da pessoa que sou, mais que um número, com alma, com vida.

Desmoronaram-se os castelos de hipóteses contruídos a caminho de casa, falou e nada disse - "...mãe, já disse isto ontem, não foi?" - "nem sei, nem sei..." - nem sei onde acaba uma mentira e começa outra. Nem sei em que tempo estamos ou para que tempo vamos. Que caminho nos conduziu até aqui.


Nem sei se estou à rasca, ou se esse é um estado adquirido, embebido no nosso quotidiano, suado, moldado, aceite.

Sei que estou cansada da falsidade. Da hipocrisia. Da falsa modéstia. Da merda em que caiu este povo.

E o meu jantar arrefeceu... os sobrolhos franziram... e voltámos outra vez ao estado Deolinda de onde ainda não conseguimos sair.

Que parva que fui, hoje.

quinta-feira, 10 de março de 2011

O fogo na minha cama... PARTE II

Ora se não é fantástico o que acontece na vida de uma pessoa! O que um incidente/acidente nos faz caminhar, empurrando-nos para realidades que desconhecíamos, sentimentos que nem reconhecíamos na íntegra. Sim, que isto de tratar por "tu" a indignação, não é para qualquer alminha...

Sabeis que se me ardeu a casa, os menos informados façam o favor de ler, O fogo na minha cama... (não, não é isso que estão a pensar...), e logo se colocarão a par da situação. Ardeu, ficou negra...as paredes todas queimadas, com as marcas de água a escorrerem por ali abaixo, mais as pilhas de entulho... o repasse de água na vizinha (não fosse o fogo alastrar, que aquilo foi um "ver se te havias" de litradas por todo o lado... enfim, a fotografia que se esperaria de um incêndio que se preze! - Que isto comigo é "ou vai ou racha"! Não há meias medidas... Ardeu e ardeu bem!

Por motivos que respeitam questões ligadas ao incêndio, precisei do relatório dos Bombeiros Sapadores de Setúbal e lá fui eu, toda gaiteira, em busca de um papel, pensando que teria um custo relativo, significativo e simplório, uma vez que se trata de um relato de uma desgraceira, que abala financeiramente qualquer família.Contudo, ainda antes de chegar, não fosse não terem MB, decidi ligar, identificar-me e explicar o que pretendia. No final, após uma breve e simpática conversa com o/a administrativo/a perguntei:

- E quanto custa, desculpe, quanto custa então o relatório do incêndio?

Ao que me respondeu...

- CINQUENTA EUROS, minha senhora!

Silêncio, boquiaberta pensei ter pedido noção da razão. Franzi o sobrolho e pensei "Sim senhor... DEZ CONTOS por um relatório!", mais uma série de impropérios que roçam a brejeirice e que não reproduzirei aqui! 

Ora, vejamos se eu compreendo a razão... estarei a pagar o diesel ou as litradas de água, mais a amálgama de espuma, que me estragaram o resto do que o fogo não destruiu? Ou este relatório é um best-seller, candidato a um mais que certeiro Prémio Literário? Ou isto anda tão mal, que até os senhores bombeiros (que por vezes vendem rifas a 5€, ali no sinais luminosos junto ao Jumbo de Setúbal), nos querem levar à certa e pedem mais dinheiro que uma cópia não autenticada de uma escritura de uma casa???

Portanto...sem qualquer tipo de resposta, e de incredulidade estampada no rosto, reparo que este fogo na minha cama, acabou com o meu sono e atiça em mim uma sede de justiça e uma indignação, que não adivinha coisa boa... minha gente.

 Haja decoro, que eu um dia ainda o perco!



quarta-feira, 2 de março de 2011

A ESCOLA TEM GENTE DENTRO... ainda.


Se há preocupações que, deste lado da chuva, persistem no tempo e me consternam com alguma frequência, a mais premente, acutilante e sempre actual é a Escola.  Se por um lado é representativa de saberes, vontades, ideias, paixões, por outro é o farol orientador, pólo de motivações, provocador de inovação, centro de recursos sempre actual, sempre novo, sempre impulsionador e sempre numa visão construtiva do futuro. Ou não.

Ou não, porque se assiste desde há algum tempo a uma trapalhada de decisões políticas, que contemplam quase de tudo, exceptuando a basilar temática: Educação.
Com a Revolução de Abril, a Educação viveu momentos de euforia seguindo-se-lhe o despoletar de intensos debates e mudanças. Os portugueses aperceberam-se que a Educação poderia constituir uma mais valia em qualquer processo de desenvolvimento e a ignorância prejudicava os valores democráticos.
Cortou-se com os valores anteriormente instituídos, reivindicou-se, protestou-se, defendeu-se uma Educação para todos e massificou-se o ensino. Pediram-se mudanças, propuseram-se mudanças, mudava-se todos os dias de forma espontânea nas escolas, desenvolveu-se o sentido da igualdade de oportunidades para todos, abriu-se a Escola à Comunidade e debateram-se os interesses da Educação com os pais, com as associações, com as autarquias, com os sindicatos, com diversos grupos sociais.
Em suma, sentia-se que a Escola aderia aos novos ventos, mas as mudanças desejadas, que deveriam caminhar no sentido do sucesso, assumiam-se lentas e não estavam livres de contradições. 
Alteraram-se os critérios de avaliação e procurou-se o sucesso escolar numa educação igual para todos. Mudaram-se os programas, promoveu-se uma certa pedagogia por objectivos, publicaram-se constantemente quantidades de material de apoio destinado a professores e a alunos, estruturou-se e reestruturou-se o sistema, definiu-se o perfil do aluno, restabeleceram-se os objectivos, sempre na prossecução da eficácia do ensino, mas sempre numa visão alucinada de uma eficiência homogénea, indefinida, ténue, vaga, indiferente.
A ideia de Escola para todos, a Escola Inclusiva, integradora, que se começou a desenhar nas últimas décadas do séc. XX, opôs-se à Escola provocadora de exclusão, a Escola do insucesso, do abandono.
Hoje, sinto que procuramos, desenfreadamente o retrocesso, o retorno aos "gloriosos" momentos  em que Escola era o meio ideal para seduzir e manipular crianças e jovens. 
A Escola colocada ao serviço do Estado. 

Deste lado da chuva, assusto-me quando ouço falar do fecho das escolas, quando leio sobre as alterações curriculares no ensino básico. Arrepio-me quando antevejo a redução dos conhecimentos curriculares a questões elementares da história e geografia de Portugal, enfatizando-se o ler, escrever e contar como a maior felicidade que o ensino poderá oferecer - à semelhança de tempos idos, onde o crucifixo vivia ladeado por dois ladrões, como disse um dia José Pacheco.
Como são novos alguns dos velhos problemas! Como são de todos os tempos as grandes inquietações da Educação! Os problemas ligados a fenómenos de exclusão social, como o insucesso educativo e o abandono precoce da Escola, continuam a constituir hoje as mais graves dificuldades do Sistema Educativo.
Deixem-se de contabilidades. Vamos a reflexões.
Lembrem-se que a Escola tem gente dentro!