Far-me-ás muita
falta. Aquela falta que faz tudo o que é por demais importante para nós. O
sorriso, a partilha, a cumplicidade. Coisas. Todas as que tínhamos só no
olhar...outras que ficavam na lágrima presa pela emoção de conseguirmos sentir
o peso das palavras do outro. Conhecermos o outro. Sabermos o outro. Lutas.
Vitórias. Revoltas. Coisas nossas. Coisas que ousámos partilhar...ou simplesmente
deixámos suspensas no fio de tudo o que se reconhece como verdade absoluta,
indivisível, insubstituível, impronunciável.
Far-me-á muita
falta o abraço e a forma como nos agarrávamos à vida. Às coisas boas da vida, à
gargalhada solta, à tua voz e como ouvir-te poderia significar uma década de
aventuras. Houvera tempo suficiente, que as horas galgavam espaços e
correr-se-ia quase todos os assuntos. Velhos, recentes, gastos, renovados,
cheios de vernáculo, de malícia, de humor revelado palmo a palmo. Assuntos e
temas que viajavam ao sabor da música natural da cadência da palavra.
Far-me-á falta
olhar-te e admirar-te como o pai atento que foste. Preocupado, sensível, humano, tolerante.
Far-me-á falta
dizer-te da importância que tens para mim, do quanto te gosto, das saudades que
sentia. Do teu silêncio. Do cheiro do teu charuto. Escrevi-te muitas vezes
sobre o orgulho em ser tua amiga, em saber-te ao meu alcance, bebendo sempre da
minha atenção.
Far-me-ás muita
falta, Galiza...porque és único na tua forma de estar, de ser...porque nem sei
se te escreva no presente ou no pretérito perfeito, ou no imperfeito...ou
acredite simplesmente, para sempre, que estás aqui, a ler-me, a ouvir-me, a abraçar-me, a
sussurrar-me todas as coisas do mundo que em amizade verdadeira se constroem...
Far-me-ás muita
falta, mestre.