sexta-feira, 16 de setembro de 2011

...Começaria pela Educação e pela Cultura

Há já algum tempo que deste lado da chuva me vou quedando em silêncio... por um lado assisto a um sem número de acrobacias governamentais que se pautam, quase sempre, pela mesma explicação vaga: a crise, por outro atiro-me com frequência para um vale de reflexão e sonho...que semeia em mim a mais muda revolta.

Ontem quebrei o silêncio...e verteram-se as fontes da alma e ergueram-se os punhos da luta e soltou-se o coração em galope - anunciou o sr. Ministro da Educação "Que para o ano se fecharão mais escolas".

E disse-o sem um brilho triste nos olhos..., aquele que se esperaria de quem ama a Escola, fazendo soar o badalo da crise financeira, nesta sociedade cada vez mais limitada, sufocada, bruta.

E disse-o sem pestanejar, como se de uma grandiosa obra se tratasse. Encerrar uma escola, pode significar construir uma prisão..., li-o algures. Mas pode igualmente lançar a incredulidade nas gentes de uma comunidade, pode abanar um contexto social inteiro, pode determinar a vida de uma criança.

E disse-o assim, sem mais nada. Enunciando os tão famigerados cortes, eleitos cegamente, sem coerência, sem sustentação.

E  o buraco no meu peito cresceu em profundidade e lembrei-me de Jean Monnet que, um dia, no fim da sua vida, afirmou: “Se tivesse de recomeçar, começaria pela Educação e pela Cultura”. É esta a grande verdade, a referência da identidade de uma nação. A Escola como centro de motivação social, como garante de qualidade de vida, como plataforma basilar na construção do indivíduo, do cidadão.

Já aqui escrevi um dia que à Escola voltaremos sempre no meio das nossas inquietações...

...Se ela ainda existir, se ela persistir.


4 comentários:

  1. para falar facebookês.... "gosto", especialmente da citação de J Monnet!

    Bravo para esta professora com quem tanto me identifico no seu ideário.

    P Fragoso

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  2. Que pena não ter tido o seu blog activo em 2008. Poderia ter escrito *exactamente* o mesmo quando o governo "gerido" por José Sócrates começou com o precedente (pleonasmo?) de fazer aquilo de que ora se queixa...

    ;)

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  3. Caro/a Z.,

    Apesar de lamentar igualmente não ter tido o meu blog em 2008 e assim não ter podido revoltar-me contra as políticas educacionais levadas a cabo pelo governo socialista, permita-me que discorde quando se refere ao que escrevi como um lamento...

    Não é! É uma triste constatação, uma reflexão um apelo...

    Não sou de apologista de lamentações, sou de arregaçar as mangas, arrepiar caminho e LUTAR!

    Obrigada pelo seu comentário :)

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  4. Espero que pela sombra do meu avatar se veja que sou um "caro". ;)

    Tem toda a razão naquilo que escreveu (o meu comentário não ia nesse sentido) mas a quem o lesse/leia sem outro(s) enquadramento(s) parece soar a projecto recente, quando (infelizmente, repito) já outros fizeram da medida uma "solução" para problemas maiores.

    Resumindo: toda a indignação não é de agora, nem muito menos desajustada. Antes fora... ;)

    Agradecido pela publicação do comentário.

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