quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

O fogo na minha cama... (não, não é isso que estão a pensar!)


Deste lado da chuva, vou contar-vos um pouco do pouco que há para contar…
Há cerca de três semanas, no dia 4 de Fevereiro, recebi um telefonema do meu senhorio, que fosse para casa, com calma, que a casa estava a arder. Não pode ser – respondi, revendo um a um os passos que havia dado nessa manhã, não fosse a minha cabeça de vento ter deixado um aquecedor acesso ou ligado. Que não estava enganado, que fosse para lá o quanto antes.
ARDEU, minha gente, e como ARDEU!
Começou na minha cama, ainda que eu nem lá estivesse, tal como brincou um amigo, quando soube do acontecido, e espalhou-se pela casa um fumo espesso e uma elevada carga térmica, tal, capaz de derreter as solas dos sapatos e agrafá-las ao chão! Mas que brasa aqui esteve, pensei, entre soluços e “ai a merda que me aconteceu!”. O relatório dos bombeiros revela: inconclusivo – e, portanto, nem sequer sei o que gerou aquilo tudo e de onde restou quase nada!
Começou o pesadelo, a que apelidei, “os salvados”!
Retirar “os salvados” de entre uma escuridão de paredes e tectos e cheiro a fumo, como se tivesse sido toda a casa transformada numa enorme lareira de 100m2, foi obra! Os meus livros adquiriram aquele ar de relíquia, ainda que um ou outro tenha sido adquirido em Dezembro de 2010 ou Janeiro de 2011! A roupa, os quadros, o calçado, o sofá… o que não ardeu encheu-se de uma mescla de fumo e água, transformada numa pasta assustadora!
Uma trabalheira, um dó de alma, um dinheirão a investir para repor muitas das coisas, por um lado, e a paz de espírito, por outro.
Não me vou alongar sobre como ficaram os brinquedos das crianças ou os documentos e as pastas dos adultos, ou banho que a PS3 levou, mais a máquina de café e a colecção de batikes moçambicanos.
Com isto tudo aprendi algo que vos informo de bom grado:
O SEGURO DE RECHEIO É DA RESPONSABILIDADE DO ARRENDATÁRIO, ao senhorio apenas cabe a responsabilidade de ter um seguro contra incêndios que cubra as paredes e chão (o meu, nem isso tinha… coitado).
Mas confesso que tantas vezes me lembrei da minha avó quando me dizia “sabemos sempre como saímos, nunca sabemos como chegamos”.

Nem a chuva me valeu...