Leonor,
Escrevo-te sem diminutivos, da mesma forma como sou, sem atalhos, sem esconderijos, da mesma forma como te admiro, enorme, lutadora, ensinante.
Conheci-te através do teu pai e, apesar de nunca te ter tocado, quase consigo saber o teu cheiro, a suavidade da tua pele, a beleza que tu encerras. Conheci-te através dos gritos de força, de ajuda, de amor. Conheci-te através de mim...porque eu própria sou mãe...conheci-te através do desejo de sucesso.
Gostei de ti no imediato. Como se gosta de todas as coisas pequenas que movem mundos grandes, que encimam batalhas fantásticas, que se assumem como líderes de vida.
Gostei de te ver...escondida no meu mundo...gostei de pensar em ti como uma vitória de todos.
Hoje, Leonor..., escrevo-te para tapar o buraco que se abriu na tristeza de te saber partir...porque também levas um pouco de mim, da minha ansiedade, da minha chuva, da minha vontade.
Escrevo-te para acalmar a água que inunda a minha noite...e para gritar-te, do universo de pessoas que arrastas contigo, da alegria de saber que existem pais como os teus, vivendo com o corpo num coração, cerrando punhos para o futuro, lutando contra a saudade feroz.
Escrevo-te sem diminutivos..., da mesma forma como te reconheço audaz, maravilhosa, força de vida. Força de alma. Força de nós. Força de sempre.
Leonor...neste coração que é o meu...vives, sempre.
Até breve.