Há já algum tempo que deste lado da chuva me vou quedando em silêncio... por um lado assisto a um sem número de acrobacias governamentais que se pautam, quase sempre, pela mesma explicação vaga: a crise, por outro atiro-me com frequência para um vale de reflexão e sonho...que semeia em mim a mais muda revolta.
Ontem quebrei o silêncio...e verteram-se as fontes da alma e ergueram-se os punhos da luta e soltou-se o coração em galope - anunciou o sr. Ministro da Educação "Que para o ano se fecharão mais escolas".
E disse-o sem um brilho triste nos olhos..., aquele que se esperaria de quem ama a Escola, fazendo soar o badalo da crise financeira, nesta sociedade cada vez mais limitada, sufocada, bruta.
E disse-o sem pestanejar, como se de uma grandiosa obra se tratasse. Encerrar uma escola, pode significar construir uma prisão..., li-o algures. Mas pode igualmente lançar a incredulidade nas gentes de uma comunidade, pode abanar um contexto social inteiro, pode determinar a vida de uma criança.
E disse-o assim, sem mais nada. Enunciando os tão famigerados cortes, eleitos cegamente, sem coerência, sem sustentação.
E o buraco no meu peito cresceu em profundidade e lembrei-me de Jean Monnet que, um dia, no fim da sua vida, afirmou: “Se tivesse de recomeçar, começaria pela Educação e pela Cultura”. É esta a grande verdade, a referência da identidade de uma nação. A Escola como centro de motivação social, como garante de qualidade de vida, como plataforma basilar na construção do indivíduo, do cidadão.
Já aqui escrevi um dia que à Escola voltaremos sempre no meio das nossas inquietações...
...Se ela ainda existir, se ela persistir.