segunda-feira, 16 de maio de 2011

E agora este...

Sei que tenho estado arredada destas lides. Parece mesmo que nem espreito por entre as gotas. Tem sido o tempo que me vem ocupando os espaços e não me deixa expressar ao correr da pena. Contudo, deste lado da chuva vou estando atenta ao que se desenha para um futuro próximo ou para um presente cuja realidade permanece, ainda para alguns, disfarçada de futuro. 

A semana passada ainda ameacei escrevinhar sobre o fantástico e desconhecido mundo do desodorizante. Iniciei... mas fui-me perdendo entre acontecimentos, tal é a vertiginosa onda de novidades e peripécias que vão assolando este país. Debate após debate, medida após medida, com direito a casamento real, canonização, milagres em Fátima (que depois se dissiparam com uma explicação científica arrasadora!), gente engalanada para bem receber a Troika, mais as suas medidas e poupanças (enquanto nós esbanjávamos milhares em tolerâncias de ponto e estadias no Algarve)...  

Sábado à noite, o mundo pasma perante aquilo a que se chama uma bomba! - o director do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, envolvido num escândalo de violação sexual! Confesso que deste lado da chuva me encolhi e deixei estar sossegada... de olhos arregalados em busca dos pilares que deveriam sustentar uma organização daquela envergadura... conjecturando que os valores morais e sociais andam de facto pela rua da amargura, que a vergonha já nem impera, nomeadamente, junto daqueles que ocupam cargos de visibilidade e projecção, social e mundial. Vale tudo! Pode-se tudo! São os senhores do mundo... julgam com displicência, vivem com despudor... "e agora este...", pensei. "E agora este...". 

Corri os canais televisivos do mundo, alguns apressaram a papaguear que o senhor DSK era um homem competente no exercício das suas funções. 

Eu atrevo-me a GRITAR: 

NÃO, NÃO É! 

Porque as funções profissionais de uma pessoa não deverão, NUNCA, sobrepor-se aos valores morais e de respeito pelo próximo.

NÃO, NÃO É!


Porque não teve em linha de conta que a pessoa que entrou no seu quarto estava também ela a exercer a sua função, enquanto trabalhadora, e sobre as suas qualidades profissionais ninguém escreveu uma linha.

NÃO, NÃO É!
Porque envergonha toda uma sociedade. E porque não tem a dignidade básica exigível a qualquer ser humano: comportamentos sexuais responsáveis aos níveis pessoal e social., tendo por base princípios e valores humanos e a formação integral do indivíduo.

E agora este... minha gente, e agora este... que vergonha...

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