"Hoje sonhei contigo..."
Gritou-se-me a alma acesa de emoções. Todo o mundo entrou em pausa... Sou o sonho sonhado de alguém com os olhos negros, a pele escura, os lábios rosados e o cabelo entrançado, cheio, arregalado. O maior sorriso do mundo sonhou-me. Sonhou-nos?...
- Comigo? Ai que bom!!! Então...mas que acontecia nesse teu sonho?
Que ia viver com ela.
- Eu ia viver contigo...ou tu é que virias viver comigo? - retida que eu estava naquela cadeira da superioridade que lhe ofereceria algo mais... A cadeira da materialização. A cadeira que limita a capacidade de ouvir. De ler. De sonhar.
"Não, tu é que vinhas viver comigo."
Envergonhei-me. Disfarcei...segui.
- E que faria então a viver em tua casa?
O abraço honesto. O carinho... "Brincavas comigo! A minha mãe ia trabalhar, como sempre. A minha irmã...ia lá à vida dela e tu brincavas comigo. A tudo! Tu gostas de brincar!!! E sabes!"
O meu abraço escondeu a felicidade de ser aceite no espaço do sonho. No desejo de ser brincadeira inteira. Na partilha do mundo ideal. O que é habitado só por crianças.
"Hoje tentas sonhar comigo?"
- Sim...hoje vou adormecer a pensar em ti.
A chuva sorriu.
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